Módulo 2

Neste módulo, entraremos em território mais desafiador, abordando questões que frequentemente não são discutidas de forma piedosa e sincera nas igrejas, e que afetam os casais em sua jornada conjugal.
Um dos desafios mais comuns no casamento é o não cumprimento das responsabilidades, ou seja, quando o cônjuge não desempenha o papel para o qual Deus o chamou. Discutiremos como a falta de compromisso e responsabilidade podem afetar negativamente o relacionamento e como podemos buscar a restauração por meio do diálogo sincero e seguindo as determinações do próprio Criador.
O diálogo é a base de um casamento saudável, e a falta de comunicação pode levar à alienação e à distância entre os cônjuges. Você aprenderá como construir uma atmosfera de diálogo aberto e como fortalecer a cumplicidade no relacionamento.
A sociedade moderna traz inúmeras distrações que podem desviar nossa atenção das prioridades do casamento. Identificar e lidar com essas distrações, mantendo Deus e o cônjuge como o centro de nossas vidas e de nosso casamento, ajudará na manutenção da intimidade do casal.
O ciúme é uma emoção poderosa que pode corroer o relacionamento conjugal se não for tratado adequadamente. Lidar com o ciúme de maneira saudável e confiar no cônjuge é crucial para superar esse desafio.
O adultério é uma das questões mais devastadoras que um casal pode enfrentar. Abordaremos como prevenir o adultério, como lidar com a infidelidade e buscar a restauração por meio do arrependimento e do perdão.
Por fim, exploraremos o tema sensível do divórcio. Discutiremos quando é permitido pelas Escrituras e como os casais podem buscar a reconciliação sempre que possível. Você também aprenderá como superar o divórcio de maneira piedosa e compassiva.

O presente curso foi produzido através de consultas às seguintes fontes: a) Escritos originais hebraicos e gregos; b) Versões/Traduções Bíblicas ACF, ARA, ARC, ARM, NTLH, NVI, BDJ, BAM, CNBB e KJB; c) dicionários teológicos, filosóficos, gramaticais e de verbetes a partir do ano de 1930. Com base nessas três fontes, o estudo foi elaborado de forma comparativa, levando-se em consideração as evoluções e mudanças interpretativas de determinadas palavras e locuções ao longo das décadas, bem como as alterações – através da inserção ou exclusão de significados e termos – verificadas nas versões bíblicas contemporâneas e nos dicionários mais populares. Um longo e cuidadoso trabalho, que foi elaborado por especialistas (teólogos, biólogos, profissionais da administração e do direito, médicos, entre outros) com vasta experiência nas áreas em que atuam e, acima de tudo, com total comprometimento com a Palavra de Deus.

O não cumprimento das responsabilidades

Deus, desde a criação, estabeleceu as funções principais que cada cônjuge deve exercer. Vemos que Deus cria o cenário propício para a vida do homem (o jardim, o lar): Adão tinha terra para cultivar tudo o que quisesse. E o homem foi designado por Deus para "cultivar" e "guardar" esse lar que foi arquitetado por Deus, para o homem e a sua futura mulher, Eva, viverem.
Gênesis 2:15,18,22 diz: “Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar... Disse mais o Senhor Deus: não é bom que o homem esteja só, far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele... Então o Senhor Deus fez cair um pesado sono sobre o homem, e este adormeceu; tomou uma de suas costelas e fechou a carne em seu lugar.”

Papeis e responsabilidades principais do marido são: providenciar e gerar os meios necessários para a contínua manutenção e sustentação da estrutura (econômica, física e emocional) familiar, arcar com a vida do casal, da casa e dos filhos – o cultivo; e proteger a casa, o casamento e os filhos dos perigos externos – a guarda.
Sabemos que a tarefa de chefiar um lar, nos dias de hoje, não é fácil. É por isso que Deus cria a mulher (uma auxiliadora inteligente, dotada de todas as capacidades necessárias para ajudar o homem em suas tarefas diárias).
Além de todas essas responsabilidades, o marido deve amar a sua esposa, conforme está escrito em Efésios 5:25-28,33: “Maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela... Assim devem os maridos amar a suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher ama-se a si mesmo... Contudo, também vós, cada um de per si, ame a sua própria mulher como a si mesmo, e a mulher respeite ao marido.” O marido deve tratar respeitosamente a esposa. Se o marido não trata bem a esposa, a oração dele não tem efeito, é impedida. O marido deve agir com entendimento, considerando a mulher como parte mais frágil, mais sensível (física e emocionalmente). O marido que não cuida de sua família é visto como um homem irresponsável e que não crê em Deus, conforme está escrito em 1 Timóteo 5:8: “Mas, se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel.

Papeis e responsabilidades principais da esposa são: ajudar o marido. A esposa pode desempenhar outros papeis em sua vida profissional, em sua vida social, etc. Porém, a mulher foi criada originalmente para ajudar o homem. Sua prioridade deve ser o seu casamento, o seu marido, o seu lar. São muitas as responsabilidades que Deus impôs ao homem. Se o marido não puder contar com a ajuda da esposa, não conseguirá cumpri-las satisfatoriamente.
Além de ajudar o marido, a esposa deve ter atitudes comportamentais compatíveis com aquelas que a Bíblia ensina, conforme está escrito em 1 Pedro 3:1-7 (o poder do comportamento da mulher): “Semelhantemente vós, mulheres, sede submissas a vossos próprios maridos, para que também, se alguns não obedecem à palavra, pelo porte de suas mulheres sejam ganhos sem palavra, considerando a vossa vida casta, em temor... Igualmente vós, maridos, coabitai com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco; como sendo vós os seus coerdeiros da graça da vida, para que não sejam impedidas as vossas orações.
A mulher cristã pode conquistar o marido para Deus apenas com o seu procedimento, sua maneira de se portar. Para Deus o que importa é a beleza interior da mulher. A beleza exterior agrada ao seu marido. Isso é bom, deve ser observado, mas não é o mais importante. A esposa deve ser exemplar, bendizente, paciente, sábia ao aconselhar, amar o marido, cuidar bem dos filhos, cuidar bem da casa. A palavra "submissão", muitas vezes, incomoda a mulher. Principalmente a "mulher moderna". Mas, como cristã, a mulher sabe o real sentido dessa palavra. Ser submissa é realizar a missão que Deus determinou para a mulher (ajudar o homem), levando em conta a missão do marido (administrar e guardar o lar), que é de maior responsabilidade e que atinge a estrutura original determinada por Deus, caso o homem fracasse. 1 Timóteo 3:11: “Da mesma sorte as esposas sejam honestas, não maldizentes, sóbrias e fiéis em tudo.Tito 2:3-5: “As mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias no seu viver, como convém a santas, não caluniadoras, não dadas a muito vinho, mestras no bem; para que ensinem as mulheres novas a serem prudentes, a amarem seus maridos, a amarem seus filhos, a serem moderadas, castas, boas donas de casa, sujeitas a seus maridos, a fim de que a palavra de Deus não seja blasfemada.
As esposas de diáconos ou de homens que ocupam algum cargo na congregação devem ser honestas, leais e sinceras com o marido. Devem estar atentas às necessidades de sua casa, de seu casamento e ter consciência da importância de seu papel – isso é sobriedade, isso é submissão (a missão de ajudar o marido a cumprir a missão dele).

A queda e suas consequências: Adão falhou na missão de guardar, de proteger o jardim; e Eva falhou na missão de ajudar o homem quando se deixou enganar pela serpente. E ambos falharam ao não terem seguido as recomendações do Senhor. Porém, ao homem foram destinados a maior cobrança e o maior castigo.
Gênesis 3:16-19: “E à mulher disse: multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceição; com dor darás à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará. E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: não comerás dela; maldita é a terra por tua causa; em fadiga comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos e cardos também te produzirá, e comerás a erva do campo. No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó, e ao pó tornarás.

Relação com o trabalho: o castigo que Deus impôs à mulher não causou mudanças na estrutura que Deus havia projetado para o casal, mas ficou limitado somente a ela. Já o castigo que Deus impôs a Adão causou uma mudança drástica nas relações que ocorreriam dali para frente, atingindo diretamente toda a terra, as relações humanas e o escopo da organização econômica, social e emocional das famílias. E essa mudança durará até o final da vida do homem.
Deus projetou toda a terra, inicialmente, para o homem administrar todos os recursos existentes e disponíveis (natureza, animais, rios e mares, etc). O homem não era escravo de outro homem. A relação de Deus com Adão era de amor, uma relação íntima e constante. O homem não precisava trabalhar em troca de um pagamento. Deus não tinha uma relação empregador-assalariado com Adão. Era apenas lavrar a terra e guardá-la, pois Deus daria as chuvas no seu devido tempo e os frutos da terra para o homem. A partir da queda de Adão, Deus determina o futuro de todo o homem, de todo o marido. Nada mais seria de graça. Para poder se sustentar e sustentar a sua família o homem teria que trabalhar todos os dias de sua vida. E não seria um trabalho fácil! A terra já não mais produziria apenas as coisas boas, mas também espinhos e abrolhos. Ou seja, toda a sorte de dificuldades. O homem passaria a ser dependente de outro homem (profissionalmente falando, em termos de relações de trabalho) para poder suprir as necessidades de sua família.

A relação da mulher com o marido (entendimento, submissão e cuidado): Em Gênesis 3:16, após a queda do homem e da mulher no Éden, Deus pronuncia as consequências de seus atos: “... o teu desejo será para o teu marido, e ele te governará”. Este versículo é muitas vezes mal interpretado, levando a crenças equivocadas de superioridade e subjugação. Mas o que realmente Deus queria nos ensinar com essas palavras? Como a mulher pode viver esse ensinamento de maneira prática e saudável no relacionamento com seu marido? Antes do pecado, Adão e Eva viviam em perfeita harmonia e igualdade. O propósito original de Deus era que o homem e a mulher fossem parceiros, trabalhando juntos em unidade e cumplicidade. Porém, após a queda, a relação sofreu uma ruptura. Deus então estabeleceu uma nova ordem de relacionamento: “O teu desejo será para o teu marido”: Isso indica que a mulher teria uma tendência natural de buscar no marido o seu apoio, proteção, orientação e liderança. Essa necessidade de se conectar ao homem de maneira profunda e ter nele o seu ponto de referência no casamento é, ao mesmo tempo, uma bênção e um desafio. Bênção porque coloca o marido como provedor e protetor. Desafio porque essa dependência emocional e desejo pelo marido poderiam gerar frustrações, caso não fossem correspondidos de maneira adequada. “Ele te governará”: O termo "governar" não se refere à opressão ou tirania, mas sim a uma liderança de amor, cuidado e responsabilidade. No plano original de Deus, o homem deveria guiar o lar com sabedoria e proteção, não como um ditador, mas como um líder que zela e provê, tomando decisões em conjunto com a esposa.
Na prática, a mulher é chamada a exercer um papel de ajuda e suporte no casamento. Ela é a "ajudadora idônea" (Gênesis 2:18), não no sentido de inferioridade, mas como alguém que complementa o marido e ajuda na execução dos propósitos de Deus para o casal.

Criação dos filhos: Ambos, marido e esposa, têm a responsabilidade de criar os filhos na disciplina e instrução do Senhor, conforme está escrito em Efésios 6:4: “E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e admoestação do Senhor.” A razão para esse conselho é clara: quando os pais falam ou agem de forma que irrita ou desmotiva os filhos, acabam minando a confiança que esses filhos têm em si mesmos e, pior ainda, enfraquecendo a relação familiar. Provocar um filho não é apenas repreender ou discipliná-lo com severidade, mas envolve também agir de forma injusta, inconsistente e sem compreensão. Isso pode ocorrer de várias maneiras, tais como a utilização de palavras duras, que têm o poder de ferir profundamente. Dizer a um filho que ele "não faz nada direito" ou que "nunca será alguém na vida" são frases que se enraízam na mente da criança e do adolescente, causando danos emocionais e espirituais. Elas não são apenas desmotivadoras, mas também desrespeitam a dignidade dos filhos e os afastam da orientação dos pais. As comparações injustas: "Por que você não é como seu irmão?" ou "Olha como o filho dos nossos amigos é bom nisso, e você não!" – comparar filhos com outras pessoas é uma forma de desvalorizar suas particularidades e talentos. Cada criança é única e possui seu próprio tempo e habilidades. Comparações geram ressentimento e competição desnecessária. Utilizar xingamentos, apelidos depreciativos ou até mesmo humilhar publicamente a criança corrói a autoestima e cria uma barreira de comunicação. Exemplos como chamar o filho de "preguiçoso", "inútil" ou outros termos pejorativos desmotivam e, muitas vezes, criam um ciclo de desobediência. Ao corrigir, sempre use um tom de voz equilibrado e palavras que tenham um propósito educativo, não destrutivo. Evite atitudes como gritar ou brigar por motivos fúteis. Se seu filho derrubou suco na mesa, antes de agir impulsivamente, respire fundo e lembre-se de que erros fazem parte do processo de aprendizado. Impôr limites é necessário, mas a forma como esses limites são estabelecidos é fundamental. Explique a importância das responsabilidades para o desenvolvimento, em vez de ameaçá-lo com punições severas. Elogie e incentive de forma equilibrada e evite focar apenas nos erros. Elogie as conquistas, por menores que sejam, e incentive o esforço e a dedicação.
Deuteronômio 6:6-7: “E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as ensinarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te.” Separe um tempo específico durante o dia para falar sobre a Palavra de Deus. Pode ser no café da manhã, no jantar ou antes de dormir. Compartilhe uma passagem bíblica e converse sobre como ela se aplica na vida cotidiana. Por exemplo, antes de dormir, leia um versículo que fale sobre proteção e ore junto com seus filhos, agradecendo por mais um dia. Quando estiver passeando ou fazendo algo juntos, traga à tona princípios bíblicos em situações do dia a dia. Por exemplo, se estiverem vendo uma discussão entre personagens em um filme, aproveite a situação para falar sobre a importância do perdão, como ensinado em Mateus 6:14-15. Memorizar versículos bíblicos ajuda as crianças a interiorizarem os princípios de Deus. Crie brincadeiras e desafios, como aprender um novo versículo a cada semana e explicar o que ele significa. Lembre-se de que os filhos aprendem mais com o exemplo dos pais do que com palavras. Demonstre paciência, amor e fé nas suas atitudes diárias. Mostre como a Palavra de Deus te guia em suas decisões e como você busca seguir a vontade do Senhor. Leve seus filhos aos cultos, ensine-os a orar, cante louvores juntos e envolva-os em atividades da igreja. Participar ativamente das atividades espirituais demonstra que Deus é parte fundamental da família. Disciplina e amor devem andar lado a lado na criação dos filhos. Não se trata de ser permissivo, mas de corrigir com sabedoria e orientação. A Palavra de Deus é a melhor fonte de ensino, que nos guia e nos instrui a como educar e amar nossos filhos. Evitar provocar nossos filhos é não apenas uma recomendação bíblica, mas uma forma de manter a harmonia familiar e o crescimento saudável de cada membro. Assim, nossas casas se tornam verdadeiros lugares de paz, onde a Palavra do Senhor é a base sólida que sustenta a todos.
Os papeis designados por Deus para o marido e a esposa são claros e complementares. O marido é responsável por providenciar, proteger e liderar, enquanto a esposa é chamada a ajudar e apoiar. Ambos devem cumprir seus papeis com amor, respeito e compromisso, buscando sempre a orientação divina para manter um casamento abençoado e harmonioso.

Falta de diálogo e falta de cumplicidade